quarta-feira, 4 de março de 2009

Econômicas X incandescentes: Os impactos sobre a natureza

Fonte: Abesco - 27.02.2009

Brasil - A utilização de lâmpadas fluorescentes compactas de alta eficiência, no lugar das tradicionais incandescentes, tem sem dúvida várias vantagens ambientais: com mesmo fluxo luminoso consomem até 80% menos. Além disto, duram cerca de oito vezes mais em relação às incandescentes. Isto permite não somente uma consistente economia de energia na sua conta de energia elétrica, o que amortiza rapidamente o valor superior investido, mas também na redução do aquecimento global devido a sua baixa emissão de calor.A este propósito a entidade que agrupa a grande maioria dos fabricantes europeus de lâmpadas sustenta que a substituição das lâmpadas incandescentes até 2015 permitiria reduzir 23 milhões de toneladas de emissão de CO2 na Europa, além dos 7 bilhões de euros. Mas como sempre temos o reverso da medalha. As lâmpadas modernas contêm substâncias altamente poluidoras (mercúrio e pó fluorescente) que, se não recolhidas e tratadas corretamente, podem produzir mais danos ao ambiente do que os benefícios citados anteriormente.Seria preciso então que mecanismos de gestão de coleta e refugo fossem bem preparados, antes que a difusão das lâmpadas eletrônicas fossem difundidas em massa. No Brasil seu uso foi amplamente difundido desde a época do “apagão” e não me parece que tenhamos até o momento um programa de coleta e tratamento deste tipo de lixo industrial que passa por nossas casas, mesmo para as lâmpadas incandescentes. Colocar a responsabilidade somente sob as costas dos fabricantes/Importadores também pode ser demasiada, todavia com o envolvimento dos consumidores, lojistas, revendedores e das comunidades algo deveria ser colocado em prática. Existem modelos a serem observados na Europa.Desde o ano passado o governo italiano, por exemplo, decidiu vetar o uso de lâmpadas incandescentes, todavia isto se mostra impraticável e o cenário mais provável é a substituição gradual das tecnologias menos eficientes. Por isto mesmo é difícil prever quanto tempo duraria uma conversão desta natureza na Itália. Atualmente na Itália o mercado total é de cerca de 200 milhões de peças e de cerca de 135 milhões de lâmpadas a descarga. Dentre estas cerca de 40 milhões são consideradas compactas fluorescentes com reator integrado, também chamadas de “lâmpada econômica”.Ainda em território italiano a redução de emissão de CO2 poderia atingir, considerando o mercado anual de 200 milhões de lâmpadas e que todas estivessem acesas por 1.000 horas/ano teríamos então 200 bilhões de horas de funcionamento. Considerando uma potência média de 60 W por lâmpada teríamos uma redução de consumo de energia total por volta de 12 bilhões de kWh.Sabendo que cada kWh consumido gera cerca de 0,5 kg de CO2 (parâmetro para um país que a geração de energia é feita sobretudo sobre a queima de combustíveis fósseis). As lâmpadas incandescentes seriam então responsáveis por 6 milhões de toneladas de CO2. Sua substituição por lâmpadas fluorescentes compactas por 100% por todos os consumidores residenciais, comerciais e industriais, como hipótese, fariam reduzir de 80% desta emissão, ou seja, quase 5 milhões de toneladas de CO2 por ano! Isto por si só justificou a criação de um programa nacional que suporte estas iniciativas: substituição paulatina, coleta e tratamento do lixo industrial.Centros de coleta municipais são a chave para o funcionamento do sistema italiano. Os fabricantes, organizados em sistemas de coleta, estão prontos já há algum tempo: na medida em que as comunidades inscrevem seus centros de coleta no site da associação dos fabricantes estes dispõem meios para iniciar a coleta nestes centros. Até o final de março passado 1.000 centros de coleta estavam plenamente operacionais.Evidentemente que uma rede de transporte devidamente credenciada, com equipamentos adequados ao transporte de produtos perigosos, para oferecer a máxima proteção contra rupturas acidentais destas lâmpadas seria necessária. Seis centros de tratamento especializados na separação dos componentes e NBA recuperação do mercúrio. Estes seis centros são em grau de acolher e tratar todo o material proveniente dos quatro cantos do pais.Ainda não foram medidos os ganhos com o reuso dos materiais separados, um ganho em fase de avaliação. Evidente, os números referem-se à Itália, que em termos de população representa ¼ da população brasileira e nossa matriz de geração de energia elétrica felizmente não é a mesma, porém já é possível imaginar a ordem de grandeza dos impactos no Brasil.