terça-feira, 2 de junho de 2009

Energia muito mais eficiente no Brasil

O futuro da eficiência energética vai muito além da adoção de equipamentos mais eficientes. A implantação de tecnologias de redes elétricas inteligentes deverá permitir uma redução expressiva das perdas do setor elétrico. Além disso, essas tecnologias permitirão equilibrar a demanda de energia ao longo do dia, possibilitando um aproveitamento mais adequado da infraestrutura disponível.
A própria Empresa de Pesquisa Energética (EPE) já reconhece a importância disso. Durante o Fórum Latino-Americano de Smart Grid 2008, Mauricio Tolmasquim, afirmou que essas tecnologias devem ser levadas em conta na avaliação do potencial de eficiência energética a ser considerado na atualização do Plano Nacional de Energia Elétrica 2035. Isso vale principalmente porque, com as redes elétricas inteligentes, as perdas devem diminuir muito.
A perspectiva é que instalações de geração local de pequeno porte ganhem cada vez mais espaço. Geradores de energia a partir de gás natural, microturbinas eólicas e até mesmo placas para captação de energia solar devem ser cada vez mais comuns. Viabilizados pela tecnologia de baterias de alta capacidade, que permitem armazenamento de expressivas quantidades de energia para consumo posterior, esses sistemas produzirão eletricidade para uso local. O excedente poderá ser fornecido para a rede. Essa sistemática deve permitir uma ampla redução nas perdas técnicas. Estima-se que hoje cerca de 7% a 10% da eletricidade seja perdida nos processos de transporte e transformação.
Entre os usuários finais, também haverá estímulos para o gerenciamento adequado do consumo, inclusive por meio de softwares de controle do uso da eletricidade. Isso será possível graças à adoção maciça dos medidores eletrônicos, que tornarão viável a cobrança de tarifas diferenciadas conforme o período do dia. Tal medida tende a fomentar economias nos horários de pico de demanda, distribuindo melhor o consumo.
A remuneração das distribuidoras, hoje relacionada ao volume vendido, também vai mudar. Elas devem ser incentivadas a se voltar para o aproveitamento das possibilidades de economia de energia e de aumento na eficiência no consumo. Atitudes como essas possibilitarão uma otimização sem precedentes dos sistemas elétricos. Afinal, a infraestrutura já existente poderá atender a volumes de uso final muito superiores aos verificados hoje.
Essas alterações dependem de adequações regulatórias e da introdução maciça de novas tecnologias no mercado. Mas elas devem nos alcançar muito depressa: o atual contexto de mudanças climáticas, as restrições ambientais e os preços crescentes dos combustíveis tornam urgente a necessidade de se adotar um novo paradigma de consumo e produção de eletricidade. A sociedade brasileira precisa se preparar para aproveitar esse novo modelo energético. Vem aí um cenário mais favorável em termos de eficiência e uso racional da energia.